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Queria escrever disto uma crónica,
começar,
isto é uma crónica sobre.
Ou ainda.
Queria uma crónica sobre o silêncio que descrevesse
como o silêncio actua na impressão crónica,
disto.
Ou seja,
isto é um acto contínuo na ausência das palavras,
assim como ou sobretudo,
uma dor.
Podia ser assim,
ao doer-me aqui, isto,
eu seguro a lâmina e faço um corte,
dia dezoito de Novembro.
E então escreveria como eu vejo a ortografia do corpo:
o sangue estancou às vinte e três horas
da palavra dor ou
no meu grito.
Isto seria descritivo.
começar,
isto é uma crónica sobre.
Ou ainda.
Queria uma crónica sobre o silêncio que descrevesse
como o silêncio actua na impressão crónica,
disto.
Ou seja,
isto é um acto contínuo na ausência das palavras,
assim como ou sobretudo,
uma dor.
Podia ser assim,
ao doer-me aqui, isto,
eu seguro a lâmina e faço um corte,
dia dezoito de Novembro.
E então escreveria como eu vejo a ortografia do corpo:
o sangue estancou às vinte e três horas
da palavra dor ou
no meu grito.
Isto seria descritivo.
[E então crónica seria tão palpável como chão,
casa ou
mesa
e ao tocar-lhe
qualquer coisa fraca como um batimento ou
o lado ventríloquo do coração.
Mas não,
isto ou não sei dizer como,
torna-se antes um poema,
ainda,
uma pele.
E a pele vem por cima do coração
como a pele vem pela voz ou
pelo poema chega-se
à primeira intimidade
que é toda pele e voz tocada por dentro.
Isto seria destrutivo.]
o lado ventríloquo do coração.
Mas não,
isto ou não sei dizer como,
torna-se antes um poema,
ainda,
uma pele.
E a pele vem por cima do coração
como a pele vem pela voz ou
pelo poema chega-se
à primeira intimidade
que é toda pele e voz tocada por dentro.
Isto seria destrutivo.]
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2 comentários:
Parabéns!!!!
descritiva e destrutiva...
...a palavra transformada em pele
e a crónica que (não) foi escrita.
(belíssimo)
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