domingo, 16 de novembro de 2008

Ella

3 comentários:

Anónimo disse...

Every time we say goodbye
I die a little
Every time we say goodbye
I wonder why a little
Why the Gods above me
Who must be in the know
Think so little of me
They allow you to go

When you're near
there's such an air
of Spring about it
I can hear a lark somewhere
begin to sing about it
Theres no love song finer
But how strange the change
From major to minor
Every time we say goodbye

Amélia disse...

...e um outro:
OUTRO LADO


Não consigo dormir. Há poucas horas
despedi-me de ti - «every time
we say goodbye
I die a little». Devo habituar-me
às fases dessa lua a que obedeces,
às estranhas marés de cada instante
que tu sabes viver como se fosse
o único, o melhor da tua vida
isente de remorsos e de apegos,
tão próxima de tudo. A minha dor
vai-se apagando à medida que um anjo
desce ao meu quarto e começa a torná-lo
fugaz imitação de um paraíso
em que até o meu nome se alterasse.

Não há nada a fazer, no entanto:
o facto é que, apesar de algum amor,
eu não me chamo Pedro,
mas sou ainda demasiado humano
para me libertar. Ainda não despertei,
ainda não tenho trinta e cinco anos
como Siddharta no momento em que
terá visto o vazio, escutado o inaudível.

Aquilo que vislumbro a esta hora
são rápidos reflexos de uma silhueta
que só podes ser tu
entre o céu e o mar, nessa noite
de lua cheia, quando abandonámos
um restaurante junto ao Guincho. Eu queria
ficar também assim, unir-me devagar
à linha do horizonte, sem saber
distinguir as fronteiras de coisa nenhuma.

Não hei-de conseguir: por mais que tente,
por mais que me desprenda ou desaprenda
os ritos e os ritmos do corpo ou da alma,
hei-de lembrar-me dos teus olhos vagos
e hei-de supor que estavam procurando
dizer-me qualquer coisa. Apenas o silêncio
poderia falar como eles
nessa plena doçura de existir
na maior paz do mundo. E contudo, pra mim
cada palavra se conjuga sempre
com outras palavras, e assim por diante
até ao infinito, até formarem
por exemplo um poema como este
- inútil quer pra mim, quer pra ti
ou pra qualquer leitor que nele ainda
pretendesse encontrar alguns vestígios
dessa tão pobre e má sabedoria
à qual, já só por hábito literário,
gostamos de chamar o coração.

Despedi-me de ti há pouco tempo,
mas continuo a ver-te, ignorando
por que me agrada ainda a sensação
de ter morrido mais um pouco. A vida
vai arrastar-me ao longo de outras vidas
entre o maelström dos bares onde irei afogar
esta ansiedade exausta – não é grave,
eu sei que não é grave e que entre nós
há-de restar plo menos a sombra de um anjo
que nos segrede uma palavra mágica
e saiba prolongá-la em tudo o que algum dia
- talvez daqui por meses, anos, séculos –
ainda formos capazes de sentir.

Fernando Pinto do Amaral

A Escada de Jacob, Assírio & Alvim, Lisboa,1993

Menina Limão disse...

"this video has been removes due to terms of use violation"

e agora? fiquei sem saber o que era.

o que era?

exílios

A minha Lista de blogues

  • ** CHALLENGERS, de Luca Guadagnino* Um trio amoroso? Sim, até certo ponto: as personagens interpretadas por Zendaya, Josh O'Connor e Mike Faist definem, d...
    Há 8 horas
  • É dia de natal a festa da família um deus nasceu não me sinto sozinho mas estou sozinho toda a minha família sou só eu Levo nas algibeiras alguns verso...
    Há 16 horas
  • Virgin Mary Spanking the Infant Jesus (street tabernacle, Lucca, Via San Nicolao) *(ver aqui também + um docinho)*
    Há 19 horas
  • O que é que o som de pássaros tem a ver com estes lugares de culto, e o hábito de substituir a perversidade natural pela ambição de vulgares imitadores est...
    Há 6 dias
  • É tão triste, a casa. Fica como a deixaram, Afeita ao conforto dos últimos a partir, Como que para os reaver. Mas, despojada De gente a quem agradar, vai ...
    Há 2 meses
  • Welcome to WordPress. This is your first post. Edit or delete it, then start writing!
    Há 1 ano
  • A vida é uma ferida? O coração lateja? O sangue é uma parede cega? E se tudo, de repente? EDUARDO PITTA 09-08-1949 / 25-07-2023
    Há 1 ano
  • Duas despedidas tristes: a de Paulo Tunhas (1960), filósofo, cronista, poeta, professor; e a de Luís Carmelo (1954), romancista, professor, poeta, ensaís...
    Há 1 ano
  • Bom dia, Cláudia, minha velha amiga Vim para dois dedos de conversa Porque uma visão insinuou-se e deixou uma sementinha enquanto dormia E a visão que me ...
    Há 1 ano
  • O homem começou a escrever para se tornar imortal. Ler o artigo completo
    Há 3 anos
  • errata d’helder, xlviii. página cento e treze, linha dezoito, onde se lê natividade deve ler-se fatalidade. Edgar da Virgínia.
    Há 5 anos
  • reflecti bastante antes de escrever isto. cheguei à conclusão de que é um imperativo ético e até um dever cívico fazê-lo. no sábado 21 de setembro, às 00...
    Há 5 anos
  • *JOÃO MOITA* Sentado ao fogo, junto da minha mulher, inquilina da minha solidão, recordo os anos da juventude. Nessa altura, o mosto fermentava nas cave...
    Há 5 anos
  • O português é sofrível, mas quer aprender programação neurolinguística. Chumbou a história, mas prega a dieta paleo. Não pratica exercício, mas cura-se c...
    Há 6 anos
  • Autoras como Margaret Atwood, Mary Beard, Naomi Klein ou Jeanette Winterson dizem que livros as fizeram ser feministas. Depoimentos a reter.
    Há 7 anos
  • daniel faria (1998)
    Há 7 anos
  • Helena Feital* *Depois da visita à Fundação José Saramago* Sentia-me como num palco vazio de emoções. Como começar ao fim de tanto tempo? E de...
    Há 7 anos
  • teste. ...
    Há 8 anos
  • Jean Paul, retratado por Heinrich Pfenniger, 1797-1798.
    Há 8 anos
  • 日本では、労働安全衛生法という法律によって、事業主や医療保険者、自治体が定期的に健診(健康診断)を実施するように義務付けており、これによりすべての人が、無料もしくは一部自己負担で健診を受診できるようになっています。40歳未満のお勤めの方が受けるのが、一般健康診断(職域健診)で、定期健診や雇入時健診などが該当し...
    Há 9 anos
  • demasiado depressa o silêncio de braços inertes não consigo alcançar-te ou olhar-te sequer nem colher a tempo tudo o que devia (tudo o que julgo que de...
    Há 9 anos
  • não chamem logo as funerárias, cortem-me as veias dos pulsos pra que me saibam bem morto, medo? só que o sangue vibre ainda na garganta e qualquer mão e ...
    Há 9 anos
  • Gengoroh Tagame ainda é um nome pouco familiar entre leitores habituais de manga (banda desenhada japonesa). No Japão, pelo contrário, é uma lenda viva, se...
    Há 9 anos
  • http://www.homedesignv.com/inspiring-pictures-of-wall-decorations-for-living-rooms http://www.homedesignv.com/retro-kitchen-table-sets-picture-ideas http://w...
    Há 9 anos
  • a ser vivido em directo no facebook e que me levou às boas-vindas deste blog no longínquo ano de 2006 e o eterno desejo do regresso à bloggagem boas tardes...
    Há 10 anos
  • «Tu és como o Morrisey, *depois* dos Smiths», disse-me ele num bar qualquer da Bica. Foi há muito tempo. E esta manhã, sem que eu saiba explicar porquê, a ...
    Há 10 anos
  • Há 10 anos
  • mesmo que faça frio não aproximes do fogo um coração de neve a papoila e o monge josé tolentino de mendonça
    Há 11 anos
  • *CARTA AO FILHO* filho, já não há sangue do meu correndo nas tuas veias, há uma humidade opaca nesta ferida, sinto-me um sopro enchendo a fissura da ro...
    Há 11 anos
  • Quando o corpo se acomoda à linguagem silenciosa dos desenhos, desabitua-se do penoso exercício da escrita. A clareza das imagens paralisa a fluidez do dis...
    Há 11 anos
  • *«Por pura preguiça de criar um novo.»*
    Há 12 anos
  • A MENSAGEM FOTOGRÁFICA* Roland Barthes A fotografia de imprensa é uma mensagem. O conjunto desta mensagem é constituído por uma fonte...
    Há 12 anos
  • Advent - the first Roman Catholic holiday of the year (Advent - coming from the Latin). Advent is the Advent, which are associated with many rituals and cu...
    Há 12 anos
  • junho nunca se aprende apenas surge e desenha o sol que novembro apaga e contudo desceste a vida de novo para morrer no papel
    Há 13 anos
  • «Potentia scriptoris perfecti in arte sua cum non scripserit», Avicena.
    Há 13 anos
  • *Caros leitores, mudei-me para aqui.* Depois da última paragem do Blogger e da perda de centenas de *posts, *não havia outra solução. Este blogue será ...
    Há 13 anos
  • LUZ NUM CÉU DE DIAMANTES quando as ruas das cidades dormitório se esvaziam, os velhos tomam conta das crianças pequeninas e contam-lhes, baixinho, uma his...
    Há 13 anos
  • «Caminhava eu com dois amigos pela estrada, então o sol pôs-se; de repente, o céu tornou-se vermelho como o sangue. Parei, apoiei-me no muro, inexplicavelm...
    Há 13 anos
  • *Carnac**fragmentos* 1 Mar à beira do nada, Que se mistura ao nada, Para melhor saber o céu, As praias, os rochedos, Para melhor os receber. 2 ...
    Há 13 anos
  • There is always something left to love [image: Photobucket] *Gabriel Garcia Marquez*
    Há 13 anos
  • A partir de agora aqui. Ainda sem links e outras mariquices, mas já com a maior assiduidade que desejo. Aqui, portanto. Aqui.
    Há 14 anos
  • "suponho que as pessoas, à força de se gastarem tanto a si e aos outros pelas palavras, são pelo menos coerentes ao reconhecerem sabedoria numa língua ca...
    Há 14 anos
  • *owen pallett*, por *they shoot music*
    Há 14 anos
  • A «coisa» chamada Os Livros Ardem Mal – um encontro mensal no Teatro Académico de Gil Vicente e este blogue – recebeu um dos Prémios LER/Booktailors: o Pré...
    Há 14 anos
  • Robert & Shana Parkeharrison *se alguém disser que morri, avança até à varanda do céu,* *escuta a noite e recolhe o meu corpo da espuma dos planetas.* *nã...
    Há 15 anos
  • *http://universosdesfeitos-insonia.blogspot.com/*
    Há 15 anos
  • 'Agora tenho medo.' dizia. Tremia como a asa fria de um pássaro; pousava devagar no poleiro, vinha cheio de sombra e entrava nos quartos com uma humidade a...
    Há 15 anos
  • um cravo é um cravo mas um cravo atravessado nas mãos do meu Pai é uma revolução
    Há 15 anos
  • apagar versus ajuntar Ao invés de apagar os vários blogs "pessoais" que tenho tido ao longo destes tempos blogosféricos, resolvi utilizar a ferramenta de ...
    Há 15 anos
  • *há vontade* *à vontade*
    Há 15 anos
  • [image: Photobucket] Novos Sítios / New Places --------------------------- In Photo Mode SoundScapes
    Há 16 anos

Etiquetas