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era uma casa.
onde cabia um coração.
uma casa
onde as janelas se abriam pelo crepúsculo nascente da idade.
as janelas abrindo-se passo a passo para as pálpebras
de um jardim. um jardim.
de onde a água se movia por dentro das rosas e inventava
o vermelho.
sangravam para fora dias inteiros
quando as noites se cristalizavam
nas pétalas das estações.
e o tempo parava.
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havia ainda um banco.
parado.
um livro aberto em cima.
e uma história onde a narrativa do corpo era reescrita
pelo inverso.
para dentro.
do banco caiam as frutas.
e a árvore desfiando as sombras artesãs da luz.
a pele madura cerzindo a cor.
a terra quente e arterial das fontes, o rosto,
o rosto lavado.
e a casa crescia magnificada de água, límpida na sua sede
materna.
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era uma casa.
onde cabia um coração.
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4 comentários:
venho aqui agradecer visita e acabo por ficar. é bonito
lindo...
era uma vez casa onde cabia um coração ...faltam casas assim ...
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uma casa assim também não tem regresso.
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