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a Casa
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* dedicado à alice
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esta casa respira de ti porque é, nitidamente, um amplexo. como hei-de explicar-te? imagina que vês o avesso do coração ladeado de espaço. espera. não, imagina que és o ventre que procria, mas de fora.
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observa, esta cama em que guardas o teu sono alinhavado no centro do quarto. para que chegues ao centro do quarto é preciso que acendas a luz [que a luz CAIA] e percorras a distância exacta que vai da tua nudez ao que a luz acende no centro do quarto: a imobilidade. A cama CAÍDA.
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ou ainda, repara: para que as fotografias sejam verídicas, isto é, guardadas em cima de coisas quietas que CAEM [como das cómodas, dos espelhos, das mesas, do chão ou dos lençóis podem também CAIR as coisas] é necessário que as olhes ou as toques, porque o teu corpo aqui [há muito tempo que] desfragmenta a legitimidade da memória e faz CAIR.
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é assim, como se das tuas mãos fosses moldando a impressão de teres nascido como dispões a mobília: de um modo umbilical. isto é, as mãos ligam-te às coisas porque é a tua presença aí, quando as coisas caem, que dá sentido às coisas caírem PARA TI.
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[fotos de francesca woodman]
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5 comentários:
(ainda hoje estive a dizer � doce Li (Trad.Mem�ria) como h� gente talentos�ssima a escrever na Net.
e eis aqui um exemplo. forte.
�ssimo.
os meus sinceros parab�ns.
vou. comovida.
_________________obrigada Nuno. Obrigada LI.
(*)
.tomei a liberdade de o levar ao piano.
espero que não se ofenda.
cordialmente.
Cheguei aqui pelas letras da Alice.
Vou com o coração apertado.
Abraço...
nuno, apetece exilar aqui. posso?
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