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É sem medo que chego ao talento do vazio.
Também a pele é doada em vão
à trivialidade da
carne.
Não importa o custo:
no mercado negro do coração, qualquer gesto é
altíssimo.
É sem medo que negoceio a alma num ofício clandestino e
profissional.
Trafico o corpo ao preço da chuva,
a marginalidade do meu sexo
é como um dilúvio que percorre as ruas.
É sem medo que não sei dar-te o meu nome.
De que serve trocarmos os nossos reféns pela violência da paixão?
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[imagem de nan goldin]
9 comentários:
é. é sem medo que o leio N.
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na poética de poema.corpo. que se levanta das ausências.
belíssimo.
como sempre.
______________obrigada.
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serve para preenchermos os dias com a comoção prolongada dos sentidos.
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sem aspirar a mais nada.
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perdoa-me o despropósito do meu comentário, ainda por cima a um corpoema tão respeitável, mas foi-me impossível não sorrir perante uma leitura tão viciada da minha parte: nele reconheci os nomes das minhas casas mais-que-tudo: o Mercado Negro (associação cultural) e o Clandestino (bar).
todas as leituras são viciadas. acho legítimo.
só não sei se gostei do respeitável :-)
pois. compreendo tudo, mas a minha empregada vem amanhã: empresto
"qualquer gesto é
altíssimo"
...
ah pronto, retiro o respeitável. cof cof cof, aclarando a garganta: corpoema tão...comestível?
delicioso. serve.
não tenho nada contra o respeitável, atenção:) só não sei se é palavra mais adequada aqui, mas isso são outras conversas (cof, cof;-)
eu digo que se adequa e eu posso e mando. ora.
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