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a gravidade, hoje, é uma poética de fundo: somos deixados a caminhar sem o pretérito do coração, sem peso
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não há como voltar a ter o tempo nas mãos em que acordámos a magreza do rosto
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todas as viagens começam sem regresso quando sabemos de nós
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8 comentários:
cartas para o exílio 5
sei que gostas de cartas. quereria
escrever-te uma que pudesse dizer-te doutra gravidade
uma que te puxasse rente a um outro caminho. mas até aqui, por exemplo,
há arribas que caem sobre o mar e
do alto delas
vislumbram-se
em tamanho pequeno
as pessoas felizes a banhos
e o cristo
que apanha percebes.
quando sobem as arribas
de volta
as pessoas felizes fazem-se em tamanho
real
bufam e suam
esquecem-se dos prazeres do mar
e só o cristo
as sobe com um sorriso
:é porque um saco de percebes
lhe sustenta o primeiro vício-
o segundo
acorda em magreza
no rosto e caminha sem peso
com um pretérito no coração-
desejaria poder dizer-te
de um caminho que te puxasse
rente
rente rente
(beijo)
obrigada por voltares. e em grande. (esse poema diz-me muito e aos nervos também)
uma poética de fundo.
a gravidade das coisas e do chão, do caminho andado quando (não) sabemos de nós.
abraço
magreza do rosto
Gordura no olhar.
Todas, absolutamente.
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em todas (todas) as viagens, o que importa é partir.
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e às vezes regressa-se, estás a ver?
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Tão cantantemente belo!
Sabermos de nós traduz o entendimento da vida.
Regressar não é preciso quando se sabe o sentido (pelo menos quando tentamos entendê-lo).
Toda viagem termina com um término certo...
Um grande abraço,
Jorge Elias
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