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conta o que é que se passa entre as águas,
e ela achou que era assim:
água para afogar poemas sujos
água levantada
como mulheres em pés altos,
parindo os filhos em correntes de ar,
de encontro às lágrimas
ó mar salgado, quanto de ti
é o que de nós cai,
e se ergue das águas vulcânicas
que nos enchem de arquipélagos
e chega aos olhos chovendo
*
as águas são como países fluidos
da terra onde crescemos,
nós,
as fronteiras de coral em que
viajam as palavras,
e como gente que esculpimos do falar delas até dizer,
conta o que é se passa entre as águas,
elas desaguam manuscritas
porque as queremos tocar por dentro, as pessoas
arde dizer assim todo o amor.
*
arde o fundo das águas,
porque corremos nelas através dos espelhos e
do outro lado,
conta o que é que se passa entre as águas
há a vida ancorada ao rosto.
porque corremos como delírios?
e a água desenha-se nos dedos mais pequenos
em que tocar o rosto é esta mão inteira,
a tremer.
não há formas simples na água,
pois não?
conta o que é que se passa entre as águas
o desejo é tão liquido como a sede,
um aquário tão possível como o mar.
[imagem de robert parke harrison]
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7 comentários:
f
a
s
ci
n
i
o
puro.
absoluto-!!!!
_________________obrigada.
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na água proliferam as formas ambíguas e inquietantes.
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Essa incerteza do caminhos das águas.
E, de repente, nos deparamos sendo
colhidoS por esse fluido - que é vida.
Um abraço,
Voltarei sempre,
JEN
arde
ler
a forma
(d)o amor
assim...
águas-me.
..
obrigada, nuno. queres que te dê mais matéria?
o desejo � um aqu�rio
t�o
poss�vel como o mar
muito bom. também eu esbarrei nesse verso da margarete. gosto da diferente terminação que deste ao verso de F.Pessoa.
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